O Alvissarismo é uma Religião Cristã

O que é o ser cristão? Ser cristão é o ser humano que crê em Jesus Cristo como sendo o Messias anunciado pelos profetas e pratica o cristianismo; desse modo, podemos constatar na realidade, a verdade de que Mahatma Gandhi foi mais cristão do que muitos que se auto-intitulam cristãos simplesmente pela graça da fé em Cristo como sendo a encarnação de Deus na terra. Gandhi era tão cristão que era hindu, muçulmano, judeu e budista. Mas num sentido puramente técnico, o que diferencia o cristão do não-cristão? Giuseppe Alberigo (1926-2007), um importante historiador da Igreja Católica, nos diz categoricamente:” Na igreja primitiva, o que faz com que o cristão seja ‘outro’ em relação ao não-cristão é a incorporação da fé em Cristo pelo Batismo e pela participação na Eucaristia. Alguém é cristão, isto é, povo de Deus, por força disso; qualquer outra condição ou situação histórica e social não tem nenhuma importância”. (A. Giuseppe; 1999. P. 13). A fé em Cristo, o Batismo e a Eucaristia são os critérios que distinguem o cristão do pagão. Expostos, portanto, os critérios que definem a essência do cristianismo e do ser cristão; cabe agora a pergunta: o Alvissarismo é uma religião cristã? A resposta a esta pergunta é, para nós outros, definitivamente SIM. Para ser definido como um Cristão, uma pessoa tem que necessariamente professar a fé em Cristo, ser batizada e participar da eucaristia.

O Alvissarismo enquanto sistema religioso possui em sua estrutura doutrinária e prática religiosa os três critérios fundamentais que fazem de uma religião cristã, e por isso é sim uma vertente do cristianismo original. A árvore possui muitos galhos, mas a raiz é a mesma: a raiz de Davi. O Alvissarismo é apenas um dos muitos galhos que cresceram dessa raiz, dando frutos ao seu tempo. O Alvissarismo, apesar de suas discrepâncias doutrinárias com o cristianismo ortodoxo oriental, católico e protestante, é sim um cristianismo porque partilha dos três fundamentos básicos do cristianismo: a fé em Cristo, o Batismo e a Eucaristia.

Para ser Alvissarista-Cristão, a pessoa tem que obrigatoriamente crer que Jesus é o Filho de Deus, e não o próprio Deus; tem que obrigatoriamente crer que Jesus é o Verbo que se fez carne, ou seja, que foi o primeiro espírito a encarnar na terra no corpo do Pai primevo de Pequim, que é o próprio Adão, o primeiro homem ou o primeiro macaco a se tornar homem através da aquisição da linguagem (Logos) promovida pelo roubo do fogo; tem que obrigatoriamente crer que Jesus, por isso, é a reencarnação de Adão na figura do Pai primevo de Pequim. Para ser Alvissarista-Cristão é necessário crer e ser fiel às Escrituras Sagradas como sendo a Palavra de Deus. Um Alvissarista deve crer nas verdades professadas na Bíblia, na Codificação Espírita e em Alvíssara, sendo esta última a sétima revelação de Deus ao ocidente, desde Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Kardec.

Apesar de o Alvissarismo negar de maneira notória dois dos principais dogmas do cristianismo tradicional, como a ressurreição da carne, colocando em seu lugar a ressurreição da alma e explicando o desaparecimento do corpo de Cristo através da teoria do corpo roubado; e a divindade de Jesus, fazendo dele apenas o Filho de Deus que se fez carne e não o próprio Deus que se fez carne, por outro lado, o Alvissarismo aceita o mistério da Santíssima Trindade erguido pelo Pai, Filho, Espírito Santo e Indizível, ensinando a impossibilidade de se entender e explicar todos os fenômenos da existência; aceita a inspiração divina da Bíblia, os milagres, a autoridade do magistério do Jardim Sagrado, a liderança espiritual e política do Advogado de Cristo; aceita a existência de um Deus pessoal distinto do mundo e a existência de Satã; aceita a liberdade de Deus, a criação a partir do nada como sendo a ausência do Ser, a criação do corpo e da alma por Deus, a união entre o espírito e o corpo tendo como elo a alma ou corpo espiritual; aceita a existência dos anjos e dos demônios, o dogma da imaculada conceição e virgindade de Maria mãe de Jesus, a redenção por Cristo, o pecado original como sendo o roubo do fogo; o Alvissarismo também aceita a graça divina e os dons do Espírito Santo ou mediunidade; aceita o perdão dos pecados, mesmo tendo como dogma fundamental a reencarnação e o carma, sendo possível a Deus perdoar as dívidas morais do espírito como lhe aprouver.

O Alvissarismo dá valor à vida contemplativa e ascética do caminho do meio, ao processo psicanalítico e reflexivo, à instrução, à fé e à obra como caminhos para a salvação, o autoconhecimento e a libertação do ciclo carmico da Roda das Encarnações, elevando o espírito à angelitude; aceita toda a doutrina cristã do sobrenatural, o sacramento, a redenção e proteção espiritual do Batismo de Fogo, a presença espiritual de Cristo na eucaristia, o juízo particular depois da morte, a existência do céu, do purgatório e do inferno e, por fim, o Juízo Final. Como podemos ver, apesar do formato original e diferenciado do Alvissarismo em relação ao cristianismo ortodoxo oriental, protestante e católico, mesmo assim o Alvissarismo possui uma íntima relação doutrinária com o cristianismo, além de se erguer moralmente dentro da ética cristã. Com isso fica público e notório que o Alvissarismo é sim uma religião cristã, pois incorpora a sua fé em Cristo pelo Batismo no Fogo Sagrado do Espírito Santo e pela participação na Eucaristia.

O Alvissarismo reivindica para si o status de uma verdadeira religião cristã e ampara sua reivindicação no capítulo 4: 1 a 6 do Apocalipse de João.

Caríssimos, não acrediteis em qualquer espírito. Examinai primeiro se os espíritos são de Deus, porque muitos falsos profetas surgiram no mundo. Nisto conheceis o espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus veio na carne é de Deus. Mas todo espírito que não confessar Jesus, não é de Deus, é do anticristo, de que ouvistes que está para chegar e agora já se acha no mundo.

Fiai-vos no método de João para distinguir o espírito que é de Deus do espírito que não é de Deus, que se estrutura na proposição todo espírito que confessa que Jesus veio na carne é de Deus. Esta proposição separa as doutrinas e religiões que são de Deus das doutrinas e religiões que não são de Deus. Logo, sendo o Alvissarismo uma doutrina religiosa que absolutamente confessa que Jesus veio na carne, logo o Alvissarismo é sim uma verdadeira religião de Deus, e não uma heresia. Conforme estipulado pela revelação dada a João no Apocalipse, o Alvissarismo corrobora a sua pretensão em ser uma verdadeira religião cristã, posto que no centro de seu sistema filosófico e religioso está justamente o conceito da encarnação primeva do Verbo, confessando assim a encarnação de Jesus Cristo, que é o centro gravitacional da Doutrina Alvissarista, onde os quatro pilares de sua estrutura sistêmica (Filosofia, Política, Economia e Religião) giram ao redor como os planetas giram em torno do Sol.

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